A ambulância está parada à porta. Foi então que recebi o beijo gélido e em meu coração senti escorrer sangue de solidão. Tem piedade de mim, também perdi um amor para a guerra.
Recebi sua carta agora a pouco. Segurei-a firme como quem encontra algo que há muito tempo procurava, passei-a pelo nariz para captar o que ainda restava de seu perfume. Mas ainda não li – resisti bravamente. Quero antes escrever-te e só então vou lê-la, como recompensa a esta dívida que tenho.
Um grito de solidão ecoou na minha rua hoje. Senti que algo morria – e que junto, algo também morria
Gélido.
Só o que consegui fazer foi acender um cigarro [e aí então é que pensei – acho que é por isso que minha mãe fuma tanto]. Senti o meu ventre de papel postiço murchar. Tenho 10 segundos agora se quiser viver.
Não gosto de escrever sabendo que tenho um público. Quero aprender com você a ser “sempre-viva” que se sustenta em vaso a despeito dos voyeurs.
Foi então que vi meu corpo ir ao chão: Sainte Thérèse de l’Enfant Jésus, ne m’abandone pas, faire moi ressuscité.
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