domingo, 6 de abril de 2008

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Queridos,
Não peço desculpas pela minha ausência, acho que já desculpei a mim por ter ficado tão longe de meu próprio campo de visão.
Às vezes é preciso.
Antes pensava que isso era falta de amor, mas depois de tantos tijolos transpostos me atentei para o fato de que nada pode não ser amor.
Não! Não me faço mais Julieta para estranha afirmação. Não é com doce e receptivo útero que lhes proponho tamanha abstração.
Serei mais clara.
Quando num dia assim feito hoje, ontem e o que será amanhã caminhava por paredes de um Império estremecido, ouvia uma voz pueril a me torturar, sempre a puxar a barra de meu vestido longo e pesado. E eu queria apenas subir, subir até o teto.
Depois de cada passo tornar-se uma tonelada de culpa por não olhar para baixo, parei. Ouvi. Não fui mais puxada. Só queria saber tal voz, se eu já havia amado. Ah que vontade de dizer que não sabia nem do que se tratava. Que afronta!
Ódio, decepção, indignação. Onde amor, meu Deus?
Sorte a minha ter calado. Pensei, então que se não tivesse amado não teria exercitado ódio, decepção, indignação. Nenhuma dor. Seria pura e simplesmente indiferença.
Então amei. Não só quando dizia a ouvidos outros segredos, mas também quando devolvia os livros que não eram mais meus e ainda ocupavam espaço na estante. Não é mais o sentir das páginas de diário de uma donzela. Não é.
É aquilo que existe mesmo amassado, mesmo gritado. É não e sim, é mais o nada que o tudo. É o simples fato de escolher se a rua direita ou esquerda (o que convenhamos não é tão simples assim).
Só assim chego ao teto e desço ao chão, passeio por quinas e danço no ar.
E quem sabe, só assim poderei não mais falar de amor.
Com simplicidade de palavras,
Julieta.

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