terça-feira, 14 de outubro de 2008

Aí mesmo, aí onde você está. Eu vejo seu risco louco, seu traço lindo, seu sonho-macho. Acredito em sua dor e em seu poder e digo: "Deus!", e você me cura. Aí mesmo onde você está, preso fora das grades, pedindo para entrar. Eu peço: "Não entre!" Que ao deus é exigido que fique fora. À loucura, que evite a tentação e seja dor. Mas eu tento. E de tentar eu me misturo a você, eu peco ao ser um pouco deus, e um deus errado. Não entre, amigo. Você, que é subversão do meu corpo, você que é torto, você que não exala as mesmas melodias douradas que eu aprendi a soprar, você que é vida, vida, vida. Você arde defumadamente insano. Estala o coração em abandono. Pede colo em palhaçada errante. Você palhaço, louco, santo. Em sua pele escura extensa viva, em sua história longa forte hoje, em seu olhar denúncia peso fúria. Você homem-mulher a abocanhar serpentes. Viril mordendo flores no sobrado. Pedindo meu amor lá na sacada. Me peça mais um pouco de segredo. Que eu seja mais um tanto sua santa. Me ensine a amar errado toda torta. Porque a vida certa não distrai. E eu finjo.

Um comentário:

Monica L F disse...

é seu? é simplesmente lindo!