domingo, 9 de março de 2008

Durante o tempo que silenciei sob teu cabelo molhado, queria mesmo era ter dito do quanto você me escorregava por entre os dedos. Até então, digo, até começar esse amor de nós, nunca eu tinha havido de lidar com gente tão arredia.
Entenda,
se não sou de insistir no que não me prende,
se não insisto no que não posso prender,
se não sei insistir em corpo ausente,
como é que pode eu e você?

Mas a gente tem mesmo essa mania
de criar aquilo que não deve ser.
Porque me és assim, tão arredia
porque te sou assim, tão na minha
sabes disso,
poderia ser um vazio nosso anoitecer.

Mas não. Contigo nunca haverá de ser.

É que cheiras a ti tua nuca,
entende o que isso significa?
Enquanto preparas tua fuga
é isso em mim que estica
a vontade de estar ao seu lado
em silêncio,
sós,
eu,
você,
teu cabelo molhado.