quinta-feira, 27 de março de 2008


O amor é o único lugar do mundo onde se é. E digo isso mesmo quando duvido. Então, acenda uma vela e chore, meu bem. Frágil assim. É o que nos resta, sempre. A fragilidade, aquela. O resto é essa vida aqui fora: difícil e reta. Eu não sou outra a não ser aquela que preciso ser. Vagando feito gente sóbria. Eu, a ébria: veja quanta loucura tudo isso. Nunca pensei, nunca pensei.

Mas a vida era fácil, querido. Antes da guerra. Eram flores no vaso de prata da mesa de centro. Cartas de amor na varanda. Um vão, um vão. E todo o tempo do mundo pra curar meu vão. Hoje não tenho tempo. Sinto um calor enorme. A loucura tentando, tentando, mas eu sempre murmuro: "não". E, a cada "não", eu mato. Ela, eu, o tempo, a fúria.

Antes da guerra, querido. Não era preciso gastar tanto tempo pra manter os mantimentos, era possível sofrer alegremente os sofrimentos, acariciar as carícias e inventar novidades. Antes da fome, querido, a vida era um paraíso e não havia vergonha. Antes da morte, querido, Deus dançava ao nosso lado umas danças de criança. Mas tudo isso era antes, bem antes. Havia uma dor que se curtia, um amor que se gritava, um tudo sem nome algum. Antes, bem antes, meu bem...

Quanta falta de nós todos.

Rebeca

2 comentários:

Felipe disse...

oxi...
tudo q é ruim de sentir vem com um saudosismo em anexo, né...
fico aqui alimentando uma sensação de q Deus bem pode ainda brincar brincadeiras de crianças com a gente em frente o portão de casa.
pq se não, como a gente fica hj?

Cora disse...

E eu fico aqui lendo, relendo... e pensando pq a minha natureza difere disso em torrentes.
Pq eu me embriago, pq eu abraço a loucura e evito a guerra?
É que o amor é mesmo o único lugar onde se é!
Beijinhos!