quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Breve

Meus amores,

Sabem o que decorei, numa tentativa de drama frente ao espelho, a espera de uma lágrima real? Isso, que feito Julieta repeti:

“Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira.”

Por isso, ausento-me, tenho me ocupado de riscar palavras como Romeu deveria ter feito com seu nome, já que não fez , eu faço.

Tenho acabado com as palavras com uma raiva intensa. Perdoem-me.

A vocês – meus verbos sem tempo que nunca secam – todas minhas palavras ainda intactas,

Julieta.

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