E se eu for, sempre terá notícias minhas. Mas não se assuste querida. Atingi o entusiasmo, uma exaltação em marcha ré… Como em um daqueles momentos em que somos invadidos por uma alegria clandestina – essa filha de puta estrangeira (risos)! A alegria me come pelas bordas, é sempre por lá que começa...
Não me estranhe hoje, esparramei-me todo como se alguém retirasse o fio que me recorta. Estou escorrendo por todos os cantos. Seguindo as junções dos azulejos, indo e indo até bater no rodapé da folha.
Ah! Como estou grande hoje, é carnaval! Só não me ofereço para acompanhar-te à praia porque isso atrapalharia sermos presa-fácil. Por pura cumplicidade vou ser presa-fácil em outro lugar.
E é também porque adoro. Tive uma visão maravilhosa de ti hoje, daqui do canto escuro. Acompanhei Rebeca disparando da varanda modesta e correndo em ponto de bala até o jardim. Comendo punhados de terra fresca. Furiosa e ávida. E eu aqui todo encantado. Como se deliciava com as minhocas se contorcendo entre os dentes nervosos e os caracóis escapulindo de seus dedos finos.
Às vezes sinto vontade de chafurdar a terra, mas não tenho a coragem de disparar como tu. Atolaria a cara na lama num outro sentido. É que me irrito profundamente comigo. É que ando me culpando muito. E que falar apenas não me basta. Preciso me desenrolar em uma dança de mãos e braços para perseguir um pensamento fugitivo – que se esvai a cada gesto interrompido.
E eu sempre me recuso
Aí o que me salva são vocês, que vêm galopantes. E essa escrita alegre. A escrita é a minha ação. Mas onde quero chegar com isso? Preciso chegar a algum lugar…mas no momento perdi o que me interessava. ficou rarefeito.
Volto a escrever depois.
Do seu
D. L.
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